avenida da liberdade
Original de duas peças com 50x70cm cada
Tinta acrílica ecológica à base de água e pastel seco s/ papel
Licitação mais alta: 250€
(o valor da licitação é atualizado todos os dias às 18:00 horas)
Ouve a narração da autora:
São 14h00 e saio do escritório, ainda sem destino pré-definido. Olho para cima e detenho-me uns minutos a contemplar o nosso edifício oitocentista, tão bem recuperado pelos arquitetos Pedro Botelho e Nuno Teotónio Pereira, valendo-lhes um prémio de arquitetura. Ao mesmo tempo que o meu olhar se inclina até ao céu, reflito sobre a aventura desta tarde.
Só tenho umas horas e este é o primeiro sítio que irei documentar. É preciso ser produtiva.
Deambulo pela Avenida da Liberdade, sem ter ainda certo o destino final. Nesta descida e subida vou-me cruzando com alguns turistas e condutores de tuk-tuks que indicam aos primeiros o caminho: “You take the subway and go to the center. You have a nice day, ok?”.
Vejo casais sentados nos bancos de jardim que a avenida disponibiliza e imagino o que conversarão. Uns parecem estar no início do namoro, revelando mais paixão nos seus gestos e olhares. Outros parecem-me estar embrenhados em conversas sérias, talvez com um desfecho menos feliz.
Tiro algumas fotografias e faço vídeos da avenida, para captar o movimento dos carros, o som dos passarinhos e do vento nas árvores. Há quem se queixe do estacionamento da avenida.
Sigo para a praça da Alegria, onde peço um café e me sento na esplanada do quiosque a desenhar o que vejo e sinto.
Um carro com um altifalante, passa a anunciar um evento, no Campo Pequeno às 19h.
O meu café chega, ao som da música “every breath you take”, dos The Police, enquanto ao meu lado duas amigas conversam.
Desta vez, pude ouvir claramente o que diziam: “Hoje é quarta-feira. ‘Tou nem aí!”.
Faço uns rabiscos rápidos no meu caderno. As fachadas bonitas da praça, com as suas varandas cobertas de plantas, as pessoas no quiosque sentadas como eu, os grafitis reclamando melhores condições de vida.
Escrevo as conversas à minha volta, para não esquecer.
“Every step you take I’ll be watching you”. Sinto que esta música me desmascara, embora mais ninguém se aperceba que o meu caderno está repleto de conversas alheias e de tudo o que me rodeia.
O café está pago. A tarde foi produtiva.